Lobini H1


Durante 14 anos, entre 1976 e 1990, o Brasil teve uma florescente indústria de automóveis fora-de-série. Naquele intervalo ficou proibida a importação de veículos. Antes mesmo, a Puma havia alcançado grande sucesso, produzindo 25.000 unidades entre 1968 e 1982 e até exportando. Com a abertura ao exterior, os mais de 20 fabricantes de esportivos nacionais, mesmo protegidos por impostos altos, não resistiram e fecharam as portas um a um. Isso não impediu que, agora, os empresários José Orlando Lobo e Fábio Birolini resgatassem a imagem de criatividade e ousadia dos desenhistas brasileiros e lançassem o Lobini H1, um roadster compacto, de 3,72 m de comprimento e apenas 1,18 m de altura. Foi um projeto longamente maturado, ao longo de oito anos, até a entrega do primeiro carro, em julho de 2005, ao preço de R$ 157.000,00. Os concorrentes importados são pelo menos 50% mais caros.

A inspiração do modelo, sem rodeios, foi o Lotus Elise por se tratar de um esportivo inglês de verdadeira estirpe. Testes com um modelo em escala apuraram o coeficiente aerodinâmico, inclusive no desenho do perfil extrator de ar na traseira e no assoalho plano e totalmente carenado. O espaço interno é melhor do que o Elise, pois permite acomodação de motorista e acompanhante de até 1,90 metro. Dois engenheiros ingleses com experiência no ramo, G. Holmes e D. Minter, ajudaram em algumas fases do desenvolvimento. A Chamonix foi outro parceiro e chegou a entregar as primeiras carrocerias de plástico, mas agora há outro fornecedor.

O Lobini impressiona pela presença mais do que marcante. Impossível passar anônimo no trânsito de São Paulo, SP por onde rodamos. Embora tenha sido apresentado no Salão do Automóvel paulista, em outubro do ano passado, pouca gente acreditava que era um carro brasileiro com o motor do Golf/Audi A3 1.8 Turbo de 180 cv, colocado na posição central traseira. Não espere, entretanto, o ronco encorpado de um Porsche 911. Nesse aspecto ele é discreto, talvez demais. A potência pode chegar sem esforço aos 230 cv, como no motor do carro avaliado, o que deve ser a opção da maioria dos clientes. Ainda assim oferece um conjunto mecânico dimensionado para tal.

Até parado desperta admiração com suas portas que se abrem para cima, em movimento de tesoura. Há pontos espelhados no Ferrari Enzo como pára-lamas e lanternas traseiras. Suas linhas musculosas seguem a tendência atual. Dois arcos robustos (“santantônios”) e cromados estão de acordo com a proposta de função sobressaindo à forma que permeia todo o projeto. Removido o teto, que fora de uso é fixado sobre a tampa do motor, fica mais fácil de entrar.


O carro “veste” o piloto. Ao dirigir isso salta aos olhos — ou às mãos — pela rapidez de resposta da direção, o que surpreenderá os menos iniciados e merece correção, no mínimo no grau de assistência. O restante está corretamente resolvido: potência dos freios, suspensão firme e eficiente, engate das marchas curto e justo (alguma dificuldade na ré), os instrumentos que acompanham a regulagem em altura e profundidade do volante, além da pegada e dimensões do volante Momo.

O conforto de marcha é o esperado, suportando bem os buracos, mas algum ajuste será feito na calibragem dos amortecedores. Ar-condicionado, sistema de som, abertura elétrica das portas e botão de partida no painel são as concessões de praxe. A visibilidade traseira é prejudicada especialmente em manobras lentas, algo do qual o Lobini quer distância por definição. Há bons materiais de acabamento e pormenores a corrigir, como a dobradiça externa da tampa do porta-luvas. O carro não possui estepe, substituído por um tubo de spray para reparação de pneus.


Com seus 1.025 kg de peso, a fábrica indica que o Lobini pode acelerar da imobilidade aos 100 km/h abaixo de 6 s e a velocidade máxima chegar aos 240 km/h, quando utiliza a versão de 230 cv. O protótipo apresentava ruídos diversos, em especial de passagem de ar, que, promete o construtor, serão solucionados. Por escolha proposital de projeto, excluiu-se o freio ABS para instigar a habilidade do motorista. Neste ponto específico parece se afastar da melhor solução, considerando que se pode andar mais rápido com a segurança proporcionada por rodas que nunca bloqueiam.

Fábrica sob medida :
A Lobini está instalada em Cotia, município a 35 quilômetros do centro de São Paulo. São instalações funcionais, sem luxo, em um ambiente organizado, muito bem iluminado e de extrema limpeza. Os tubos pré-formados do chassi, carroceria com todos os elementos internos e externos de plástico e o conjunto mecânico completo são os principais componentes adquiridos de fornecedores. Armação do chassi no gabarito, soldagem, pintura da carroceria e suas partes, além da montagem final e acabamento, são feitos por 15 funcionários nesta fase inicial de produção. Na pequena linha, há operações meticulosas e feitas sem pressa.

As primeiras unidades estão sendo montadas somente por engenheiros, inclusive o próprio Birolini. Assim, todos os procedimentos técnicos e manuais de apoio têm respaldo minucioso, aprendidos na prática, pois surpresas acontecem apesar de todo o planejamento. Dessa forma se chegará ao tempo ideal de montagem que permitirá a aceleração da produção. O cliente pode escolher uma cor personalizada e optar por pintura metálica ou perolizada, além de vários acessórios.

Os planos são ambiciosos, pois se injetaram US$ 2 milhões no projeto. A fábrica está dimensionada para produzir 100 unidades anuais. Se tudo correr como o esperado, 40% seguirão para os EUA, 20% para a Inglaterra e o restante ficará no Brasil.
Fonte: http://www.webmotors.com.br

Veja vídeo do Lobini H1 com piloto Tarso Marques:

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